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PL do estupro e disputas religiosas

O Brasil assiste estarrecido a mais uma manifestação de dogmatismo impiedoso e socialmente irresponsável, a partir do Congresso, com o projeto de lei que propõe a criminalizacao de mulheres que abortem, mesmo em condições que, hoje, seriam perfeitamente legais. A bancada evangélica é uma das principais defensoras dessa proposta cruel com meninas e mulheres abusadas, que seriam obrigadas a parir filhos que não desejaram, com homens que não amaram, e "doarem" esses seres humanos para adoção, caso, após todo o assedio moral que sofreriam durante a gravidez, não queiram criar esses filhos. Vamos por os pontos nos "i". Isso se chama reacionarismo da pior qualidade. Não tem qualquer fundamento religioso. Querem ser contra o aborto em qualquer situação? É um direito que lhes assiste. Mas não imponham seus preconceitos grosseiros e desinformados sobre a sociedade inteira. É preciso deixar uma coisa bem clara: o mundo hoje é muito melhor conhecido do que há algumas décadas e

Declaração sobre o conflito na Palestina e em Israel

 Em 13/11/2023 um grupo de 270 pessoas e 24 organizações do campo religioso brasileiro publicou a seguinte nota, sobre o conflito na Palestina e em Israel: Diante da inegável escalada de mortes e destruição das condições de habitação e vida do povo palestino, decorrido um mês do início dos conflitos entre Israel e o Hamas, organizações, redes, comunidades, coletivos e lideranças de várias tradições do campo protestante e evangélico aqui subscritas, comprometidas com a defesa da justiça em todas as suas dimensões, vem pronunciar-se pelo imediato fim do que se configura cada vez mais como um processo de limpeza étnica e genocídio. Rejeitamos os ataques do Hamas contra civis israelenses e sentimos profundamente a morte de todas as pessoas que perderam suas vidas no início do conflito, bem como a situação degradante das que são mantidas reféns pelo Hamas. Também nos solidarizamos com parentes e amigos de todas essas pessoas. Embora não se possa dizer, de sã consciência, que se trata de um

Em homenagem ao ISER - Instituto Superior de Estudos da Religião

 O ISER lançou um novo podcast, Casa de Muitas Janelas, e em homenagem a mais um aniversário desta importante referência, desde fins dos anos 1970, para os estudos e a incidência pública da religião e com as religiões, posto aqui um link para o podcast. Aproveitem. Casa de Muitas Janelas

Comentando el libro "EVANGÉLICOS Y PENTECOSTALES DEL SIGLO XXI EN AMÉRICA LATINA: Ensayos de Sociología", de Paulo Barrera

En 12 de julio de 2023 yo participé de un panel virtual, con Paulo Barrera (UFJF, Brazil) y Renée de la Torre (ICESAS, México), mediado por Rolando Pérez (PUC-Perú), en el que discutimos el nuevo libro de Paulo, "Evangélicos y pentecostales del siglo XXI en América Latina: Ensayos de sociología". Comparto aquí el texto que intenté presentar pero no hubo tiempo para leerlo todo. La obra de Paulo tiene grandes calidades, tanto en los supuestos en los que se basa, como en los temas escogidos para mapear cuestiones de gran importancia en la comprensión del campo protestante en América Latina – fundamentalmente Brasil y Perú, sus referentes más directos -, o incluso, dentro del marco interpretativo que propone para cuestiones de crecimiento, transformaciones identitarias y el impacto público -social, cultural y político– de pentecostales y evangélicos. Empezando por la sensibilidad ante la complejidad de las distinciones que asumen significantes como "protestante

Angélica Tostes - A importância da escuta do campo evangélico

 Nota: Remetemos aqui ao link do artigo de Angelica Tostes, na coluna Diálogos da Fé, da CartaCapital, seguido de um breve comentário, na expectativa de abrir uma troca de posições.

A direita evangélica precisa ser exposta ... por evangélicos e por quem mais form preciso

 [Texto publicado no meu Facebook em 18/3/2023] Não podemos naturalizar o absurdo aparelhamento ideológico realizado nas igrejas evangélicas pelos pastores e líderes leigos de extrema direita. Não era de "se esperar", não há justificativa aceitável, não há legitimidade possível nessa prática, que tampouco começou com o fracassado "Capitólio brasileiro" de janeiro de 2023. Desde pelo menos 2010, quando Dilma Rousseff foi eleita pela primeira vez, as articulações envolvendo políticos e pastores evangélicos de direita e extrema-direita foram se dando, no Congresso e em muitas igrejas. Esse não foi um processo fortuito, mas muito bem arquitetado e implementado. A facilidade com que essa corja política e pastoral tomou conta de estruturas decisórias, departamentos e canais de divulgação pública das igrejas mostra o quanto essas estruturas são permeáveis à ação de minorias organizadas. Há muita confiança não-monitorada no exercício do poder interno nas igrejas evangélicas

Duas formas de religião pública e a construção do povo

 Joanildo Burity Nas últimas cinco décadas pode-se perceber a emergência de duas formas de religião pública, cuja configuração envolveu distintas "fases" de elaboração e experimentação socio-histórica: o cristianismo da libertação e a minoritização pentecostal-cum-maioria-cristã . O caso brasileiro talvez seja o exemplo mais acabado da segunda, mas é preciso insistir no contexto latino-americano dessas duas formas, tanto quanto no seu caráter aberto e cambiante. Não é possível aqui explorar em detalhe a trajetória de constituição e desfecho recente dessas duas variantes de um discurso cristão sobre a imbricação da fé (e da instituição religiosa que a sustenta e se faz de seu critério último de adjudicação de autenticidade e legitimidade) com o ordenamento social-histórico.  Sobre a primeira, essa história está sobejamente demonstrada em nível continental e na literatura internacional sobre a teologia da libertação e a Igreja popular, inclusive quanto à distinção entre os ram

E agora? Reposicionando o campo evangélico após as eleições

Joanildo Burity   Eleições definidas. Entre outros grupos que apoiaram o presidente derrotado, é preciso saber como se posicionarão os evangélicos bolsonaristas. Não tanto todos e todas que votaram em Bolsonaro, mas o grupo bolsonarista evangélico. O grupo que construiu o argumento da família e dos valores tradicionais, do antiesquerdismo visceral, do punitivismo, das armas e da defesa do neoliberalismo. Essas pessoas criaram um discurso evangélico de direita sobre a política, a sociedade e a propria fé. Tiveram notável sucesso em mobilizar a    "consciência hermenêutica" dos evangélicos - isto é, sua propensão a "ler o mundo" permanentemente em busca de sinais da ação divina e de orientações para sua conduta - vem como em mobilizar a paixão em termos de um "programa". Foram os evangélicos bolsonaristas que mais longe chegaram no intento de dar um nome e um roteiro como norte da política evangélica no Brasil, a mais bem-sucedida de toda a América Latina. B

A classe também é evangélica

Reproduzimos aqui um excelente texto de Caio Marçal, publicado na revista Jacobin em português, sobre os desafios estratégicos, para a esquerda, do atual perfil assumido pelo campo.evangélico no Brasil.  Segue o link: https://jacobin.com.br/2022/10/quando-a-classe-tambem-e-evangelica

Onde estava o povo brasileiro?

 Jefferson Evânio da Silva Professor da Rede Estadual de Pernambuco Doutorando em Educação, Universidade Federal de Pernambuco Onde estava o povo brasileiro? Essa questão, que talvez possa parecer profundamente pedante e retórica para muitos intelectuais progressistas inconformados com o resultado do pleito eleitoral no 1º turno da eleições presidenciais deste ano, na verdade deve sua razão de ser a uma poderosa fantasia social que anima parte importante do núcleo duro do pensamento político brasileiro: sua aposta numa possível vocação ontológica do povo para o progresso, para a “felicidade” e/ou para a tão desejada “revolução”. Na literatura, nas artes, no cinema, na gramática do pensamento social brasileiro, esta é mesmo uma das características mais importantes da forma como se construiu nossa imaginação política sobre o povo no Brasil. Provavelmente, muitos de nós estamos perplexos com o desempenho nenhum pouco desprezível de Jair Messias Bolsonaro nas eleições do ú