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Mostrando postagens de outubro, 2022

E agora? Reposicionando o campo evangélico após as eleições

Joanildo Burity   Eleições definidas. Entre outros grupos que apoiaram o presidente derrotado, é preciso saber como se posicionarão os evangélicos bolsonaristas. Não tanto todos e todas que votaram em Bolsonaro, mas o grupo bolsonarista evangélico. O grupo que construiu o argumento da família e dos valores tradicionais, do antiesquerdismo visceral, do punitivismo, das armas e da defesa do neoliberalismo. Essas pessoas criaram um discurso evangélico de direita sobre a política, a sociedade e a propria fé. Tiveram notável sucesso em mobilizar a    "consciência hermenêutica" dos evangélicos - isto é, sua propensão a "ler o mundo" permanentemente em busca de sinais da ação divina e de orientações para sua conduta - vem como em mobilizar a paixão em termos de um "programa". Foram os evangélicos bolsonaristas que mais longe chegaram no intento de dar um nome e um roteiro como norte da política evangélica no Brasil, a mais bem-sucedida de toda a América Latina. B

A classe também é evangélica

Reproduzimos aqui um excelente texto de Caio Marçal, publicado na revista Jacobin em português, sobre os desafios estratégicos, para a esquerda, do atual perfil assumido pelo campo.evangélico no Brasil.  Segue o link: https://jacobin.com.br/2022/10/quando-a-classe-tambem-e-evangelica

Onde estava o povo brasileiro?

 Jefferson Evânio da Silva Professor da Rede Estadual de Pernambuco Doutorando em Educação, Universidade Federal de Pernambuco Onde estava o povo brasileiro? Essa questão, que talvez possa parecer profundamente pedante e retórica para muitos intelectuais progressistas inconformados com o resultado do pleito eleitoral no 1º turno da eleições presidenciais deste ano, na verdade deve sua razão de ser a uma poderosa fantasia social que anima parte importante do núcleo duro do pensamento político brasileiro: sua aposta numa possível vocação ontológica do povo para o progresso, para a “felicidade” e/ou para a tão desejada “revolução”. Na literatura, nas artes, no cinema, na gramática do pensamento social brasileiro, esta é mesmo uma das características mais importantes da forma como se construiu nossa imaginação política sobre o povo no Brasil. Provavelmente, muitos de nós estamos perplexos com o desempenho nenhum pouco desprezível de Jair Messias Bolsonaro nas eleições do ú

Reflexões sobre o voto evangélico

Eu li que uma pesquisa do Datafolha mostra 66% de apoio a Bolsonaro no meio evangélico. OK. Aceitemos em princípio a correção do dado. Estaríamos diante do fenômeno que em alguns países se chama de "voto evangélico". O que significa tal expressão? Que há um conteúdo específico, geral e estavel no voto dos/das eoeitores/as evangélicos/as? Não tenho uma posição fechada sobre a noção de "voto evangélico",  Se a ideia de voto evangélico diz respeito a um tipo de voto, sempre alinhado ideologicamente, o termo é claramente falso. Nos anos 1970 os evangélicos votaram no partido da ditadura (Arena, mas já no fim da década cresceu o voto no MDB. Nos anos 1980, votaram no partido da oposição (MDB/PMDB). Em 1983/84 formaram-se comitês evangélicos pró-diretas em quase todo o pais. Nas eleições presidenciais de 1989, se dividiram entre os trabalhistas de Brizola, a direita de Collor e a esquerda de Lula. De novo, havia comitês pro-Brizola e pro-Lula em muitos estados do pais. No