Angélica Tostes - A importância da escuta do campo evangélico
Nota: Remetemos aqui ao link do artigo de Angelica Tostes, na coluna Diálogos da Fé, da CartaCapital, seguido de um breve comentário, na expectativa de abrir uma troca de posições.
Este blog é um espaço para compartilhar ideias, pesquisas, metodologias e visões sobre temas atuais relativas ao discurso religioso como prática social e política. This blog is a space for sharing ideas, research, methodologies, and views on topical themes related to religious discourse as a social and political practice. Este blog es un espacio para compartir ideas, investigaciones, metodologías e visiones sobre temas actuales relativos al discurso religioso como práctica social y política.
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Belo texto. Mas deixa, sem enfrentar, um paradoxo que cada um de nós, protestantes brasileiros, precisamos enfrentar. Há várias décadas o pensador e político italiano Norberto Bobbio afirmou, como numa profecia com o olhar voltado para trás, que nenhum país democrático do mundo se tornara socialista e nenhum país socialista se tornara democrático. Naturalmente, ele não se referia a deixar de ser uma coisa para ser outra, mas a assumir a outra coisa. Em relação aos evangélicos vejo o paradoxo assim: precisamos ouvi-los, sim. A incompreensão, reserva, silêncio em relação aos evangélicos traduz uma dimensão de sua condição ainda minoritizada (não me refiro ao números; uma minoria de um terço já não é assim tão insignificante; refiro-me à relativa "externalidade" com que muitos ainda enxergam os evangélicos no Brasil, como uma espécie de corpo estranho, difícil de entender e de aceitar).
ResponderExcluirMas reclamar isso, continuamente, como se tornou praxe na esquerda evangélica e entre intelectuais mais sofisticados (mais cuidadosos, mais informados pela empiria), é ao mesmo tempo uma admissão do quanto os evangélicos ainda estão do lado de fora da definição de "atores sociais legítimos" na sociedade brasileira, e nossa desculpa frente à irreprimivel tendência ao autoritarismo, repressão, castração nas igrejas evangélicas brasileiras. Precisamos enfrentar esse paradoxo. Ele é a razão das reservas ou rejeição que enfrentamos, como esquerda cristã e protestante (não me defino como evangélico), frente à sociedade organizada e às próprias igrejas. Peixes fora d'água, defendendo quem não cessa de dar na nossa cabeça. Eu cada vez menos me sinto compelido a pedir que nos escutem. Quando essas vozes não são como as nossas, reprimidas e excluídas, são mais do mesmo, já conhecido e sempre capaz de se "renovar".